UMA PALAVRA/A WORD
Casa incendiada durante a eficiente Campanha de
Nacionalização
de Getúlio Vargas
1942
Casa bombardeada durante o
rápido bombardeio
das tropas aliadas
sobre Dresden
1945
Casa destruída durante
a amigável expulsão
dos alemães da Silésia
pelos russos
1946
Casa saqueada durante a
imperceptível
Guerra das Malvinas
1982
Uma palavra, 2014-2016
montagem fotográfica,
Fotografias impressas em pigmento mineral sobre papel photo matte
e textos emoldurados
120cm x 95cm
coleção da artista
One word, 2014-2016
Photographic assembly,
Photographs printed on mineral pigment on photo matte paper
and framed texts
120cm x 95cm
artist's collection
TEXTOS/TEXTS
O que Stalin, Hitler, George W. Bush e as ditaduras, como a de Getúlio Vargas e do General Galtieri tem em comum?
Todos manipularam a memória das pessoas, repetindo mentiras criaram uma nova verdade. E assim ganharam o apoio popular.
Substituindo uma palavra por outra você pode substituir um fato inteiro. Ao associar uma palavra qualitativa ao fato, modificando a narrativa, você induz o pensamento. É fácil moldar a memória das pessoas, criar uma narrativa, criar uma realidade.
Uma das contradições mais marcantes do populismo consiste em pregar a aproximação ao povo, mas, ao mesmo tempo, estabelecer mecanismo de controle que não permitam o aparecimento de tendências políticas contrárias ao poder vigente. De tal maneira, os governos populistas também são marcados pela desarticulação das oposições políticas e a troca dos “favores ao povo” pelo apoio incondicional ao grande líder responsável pela condução do país.
Além do autoritarismo e do assistencialismo, os governos populistas também tem grande preocupação com o uso dos meios de comunicação como instrumento de divulgação das ações do governo. Por meio da instalação ou do controle desses meios, o populismo utiliza de uma propaganda oficial massiva que procura se disseminar entre os mais distintos grupos sociais através do uso irrestrito de rádios, jornais, revistas e emissoras de televisão.
A partir das pesquisas sobre memória de Ivan Izquierdo, neurocientista argentino naturalizado brasileiro, que afirma : - “Substituindo uma palavra por outra, você pode substituir um fato inteiro.”
What Stalin, Hitler, George W. Bush and dictatorships, such as that of Getúlio Vargas and General Galtieri have in common?
Each of them manipulated people's memory, repeating lies and creating a new truth, and so they gained popular support. By replacing one word with another you can replace an entire fact. By associating a qualitative word with the fact, modifying the narrative, you induce the thought. It's easy to shape people's memories, create a narrative, create a reality.
One of the most striking contradictions of populism is to preach rapprochement with the people, but at the same time to establish a mechanism of control that does not allow the emergence of political tendencies contrary to the current power. In this way, populist governments are also marked by the disarticulation of political oppositions and the exchange of "favors to the people" for unconditional support for the great leader responsible for leading the country.
In addition to authoritarianism and welfare, populist governments are also concerned about the use of the media as an instrument for publicizing government actions. Through the installation or control of these means, populism uses massive official propaganda that seeks to spread among the most distinct social groups through the unrestricted use of radios, newspapers, magazines and television stations.
Based on the research on memory of Ivan Izquierdo, Argentine neuroscientist naturalized Brazilian, who states: - " When replacing one word for another, you can replace an entire fact."
Ursula Tautz
“Uma palavra”, montagem fotográfica, questiona o uso da palavra e do poder sem justificativas para cometer atrocidades. Atingir o ser humano no seu espaço mais íntimo, a sua casa, destruindo, saqueando, bombardeando, devastando ou incendiando é algo que abala nossas crenças e certezas, difundindo o medo, a incerteza e a fragilidade. Ursula Tautz pesquisa extensivamente as relações que envolvem o habitar e o pertencer. Sua obra revela o cuidado com que trata de temas envolvendo raízes, lembranças e legados.
"A word", a photographic montage, questions the use of words and power without justification for committing atrocities. Reaching human beings in their most intimate space, their home, destroying, looting, bombing, devastating or burning is something that shakes our beliefs and certainties, spreading fear, uncertainty and fragility. Ursula Tautz researches extensively the relationships that involve dwelling and belonging. Her work reveals the care with which she deals with themes involving roots, memories and legacies.
Isabel Sanson Portella
©RAFAEL ADORJAN