top of page

TEMPO MÓVEL/ MOBILE TIME

_MG_9081.JPG

Mobilité- Immobilité, 2019

curadoria Viviana Birolli

La Chartreusse, Villeneuve-lez-Avignon, França

Mobilité- Immobilité, 2019
curated by Viviana Birolli
La Chartreusse, Villeneuve-lez-Avignon, France

 

    projeto TEMPO MÓVEL desenvolvido na residência artística Echangeur 22, Saint Laurent- des-Arbres, France

O alcance auditivo dos sinos define territórios, separando uma comunidade da outra por linhas culturais, religiosas ou ideológicas irregulares. Os sinos também conectam os indivíduos.
 Em contraste, os sinos também anunciam as horas de trabalho e as obrigações impostas pela vida cotidiana. No Brasil escravagista, apesar dos sinos serem tangidos pelos escravos que traziam a herança africana aos toques, o tempo era percebido de forma dissonante entre dominados e dominadores, exaltando o sentimento de não-pertencimento.

Ao choque da escravização e do desenraizamento se juntava essa diferença cognitiva: os escravos afirmavam que não sabiam medir o tempo, ou conheciam o tempo de forma diversa do branco.

O som dos sinos, seu tom e plenitude de volume tornam-se fontes de orgulho e memórias coletivas, além de particulares, diminuindo o tempo entre o passado e o presente em um momento de suspensão.
Mapeando os sinos ao redor:
a) Escolho aleatoriamente os transeuntes e pergunto que lembranças eles têm quando o sinal toca, gravando-os e também o som dos sinos.

b) Distribuirei essas memórias no tempo de lembrança de cada uma, criando uma linha do tempo.
c) Cada som gravado, que corresponde a uma memória, será organizado de acordo com essa linha do tempo, que estabelecerá a sequência de sons em uma composição.
d) Os vídeos das entrevistas serão editados e as memórias, assim como a história dos sinos que os originaram, serão transformadas em objetos presentes em uma instalação.

Walter Benjamin distingue o tempo do trabalho diário, homogêneo da rotina, determinado pelos sinos das horas, esvaziadas da vida, do tempo rítmico pelo som dos sinos da festa.
O tempo homogêneo e vazio é preenchido como um contêiner, que empilha indiferentemente trabalho e dias. O tempo histórico marca o tempo como dias de lembrança, pontos completos que capturam e coagulam o presente, o passado e o futuro. O tempo histórico, da memória, é a transgressão do tempo natural.

Ao criar uma composição a partir de uma linha do tempo das memórias, proponho uma interrupção no tempo imposto, uma interrupção do continuum, exclusão dos Cronos; crio um novo tempo registrado apenas pela memória, o que naquele momento os olhos podiam captar, embalados por uma composição de momentos do tempo.
Um tempo que pode se mover, ser criado e transformado pela lembrança de cada um

   MOBILE TIME project developed at the Echangeur 22 artist residency, Saint Laurent-des-Arbres, France

The auditory range of the bells defines territories, separating one community from another along irregular cultural, religious or ideological lines. The bells also connect the individuals.
In contrast, the bells also announce round the hours of work and the obligations imposed by the daily life. In slavery Brazil, despite the bells being tolled by the slaves who brought the African heritage to the ringing, time was perceived in a dissonant way between dominated and dominators, exalting the feeling of non-belonging.
In addition to the shock of enslavement and uprooting, this cognitive difference was added: the slaves claimed that they did not know how to measure time, or knew time differently from whites.

The bells sound, their tone and fullness of volume become sources of pride and collective memories, as well as particular ones, shortening time between past and present in a moment of suspension.
Mapping the surrounding bells:
a) I will randomly choose passersby and ask what memories they have when the bell tolls, recording them and also the sound of the bells.

b) I will distribute these memories in the time of remembrance of each one, creating a timeline.
c) Each sound recorded, which corresponds to a memory, will be organized according to this timeline, which will establish the sequence of sounds in a composition.
d) The interview videos will be edited and the memories, as well as the history of the bells that gave rise to them, will be transformed into objects present in a installation.

Walter Benjamin distinguishes the time of the daily work, homogeneous of the routine, determined by the bells of the hours, emptied of life, of time rhythmic by the sound of the party bells.
Homogeneous and empty time is filled like a cargo container, which indifferently heaps work and days. Historical time marks the time as days of remembrance, full points that capture and coagulate the present, past and future. Historical time, of memory, is the transgression of natural time.

When creating a composition from a timeline of memories I propose a break in the imposed time, a disruption of the continuum, exclusion of the Cronos; I create a new time registered only by the memory, what at that moment the eyes could catch, packed by a composition of moments of time.
A time that can move, be created and transformed by the remembrance of each one

Ritornello, 2019
Estacas de madeira, quadros negros com giz, pedras, linhas douradas, pendulos de sinos, linhas pretas e som Dimensões variáveis

Ritornello, 2019
Wooden stakes, chalk blackboards, stones, golden lines, bells clappers, black lines and sound

Variable dimensions

67457526_1275764059268611_55330220016706

Partita I, 2019
Lápis sobre papel e pedras.

100X300cm
 

Partita I, 2019
Pencil on paper and stones.

100X300cm
 

ArtRio 2019

Simone Cadinelli Arte Contemporânea

PARTITA II.jpg
detalhe 2.jpg

Partita II, 2019
Pigmentos sobre papel e pedras.

1,20X3,12cm

Partita II, 2019
Pigments on paper and stones.

1,20X3,12cm

detalhe 1.jpg
detalhe 3.jpg
horologiorum 2.jpg

HOROLOGIORUM, 2019
pedras, granito, pigmento dourado, pigmento lavanda, terra de Saint-Laurent des Arbres, seixos, vergalhões de latão, peça de cristal com arame
0,400X0, 355X0,100cm

HOROLOGIORUM, 2019
stones, granite, golden pigment, lavender pigment, land of Saint-Laurent des Arbres, pebbles, golden rebar, crystal piece with wire
0.400X0, 355X0.100cm

 

70058672_10219869141460702_1582087624804
horologiorum completo 2.jpg
notas para sinos.jpg

Notas para Sinos ( em Partita), 2019

pigmentos minerais sobre papel

0,30x1,10x0,25cm

Notes for Bells (in Partita), 2019
mineral pigments on paper
0.30x1.10x0.25cm

 

70269935_10219869116980090_2410482358303
IMG_8666.jpg

©MARIE-CÉCILE COLHIN DE BEYSSAC

TEXTOS/TEXTS

                  Mobility - immobility

A residence is to artist whata a lab is to scientists; a place that encourages experimentation and allows new projects to take form.

Since 2015, Echnageur22, in Saint-Laurent des Arbres, invites French, Japanese, Brazilian and Korean artists to both live and create together in a shared space for several weeks. As the days pass and they get to know their surroundings, meetings happen, connections are made, relationships are built between the artists' respective cultures and the region.

The title "Mobility immobility" suggests that the time and space of the exhibition is a kind of snapshot, recording a moment in the process of exchnage, the flow of ideas that is central to the Echangeur22 project.

The works-in-progress presented here were created as part of the fifth edition of the residency by French duo Comma, Japanese artist Shusuke Nishimatsu, South Korean artist Sanghee Noh, and Ursula Tautz, who lives and works in Brazil.

The bells that rythmically mark out village's memories ( Ursula Tautz)...........are so many starting points for a series of imaginary journeys, which in turn interrogate popular culture, the flow of time.....

Installed at the Chartreusse for the duration of the exhibition these works record the instant in time when the nearby and the faraway come together, a singular of a process of research and of open , mobile creati

 

                                                                                                                                        Viviana Birolli

             Mobilidade - imobilidade

 

 Uma residência é para um artista o que um laboratório é para cientistas; um local que incentive a experimentação e permita a criação de novos projetos.

Desde 2015, Echnageur22, em Saint-Laurent des Arbres, convida artistas franceses, japoneses, brasileiros e coreanos para viver e criar juntos em um espaço compartilhado por várias semanas. À medida que os dias passam e eles conhecem o ambiente, as reuniões acontecem, as conexões são feitas, as relações são construídas entre as respectivas culturas dos artistas e a região.

 O título "Imobilidade da mobilidade" sugere que o tempo e o espaço da exposição são uma espécie de instantâneo, registrando um momento no processo de exchnage, o fluxo de idéias que é central no projeto Echangeur22.

 Os trabalhos em andamento apresentados aqui foram criados como parte da quinta edição da residência da dupla francesa Comma, artista japonesa Shusuke Nishimatsu, artista sul-coreano Sanghee Noh e Ursula Tautz, que vive e trabalha no Brasil.

Os sinos que marcam ritmicamente as memórias da vila (Ursula Tautz) ........... são tantos pontos de partida para uma série de jornadas imaginárias que, por sua vez, interrogam a cultura popular, o fluxo do tempo ... .

Instaladas no Chartreusse durante a duração da exposição, essas obras registram o instante em que o próximo e o distante se reúnem, um processo singular de pesquisa e de criação aberta e móvel.

                                                                  Viviana Birolli

bottom of page