SOBRE SAUDADES SEM LEMBRANÇAS/
ABOUT MISS WITHOUT REMEMBRANCE
Sobre saudades (Sem lembranças) para Televisores ou Saudações a Nam June Paik, 2014-2016
vídeo instalação
dimensões variáveis
coleção da artista
About Miss (without Remembrance) for Televisions or Greetings to Nam June Paik, 2014-2016
Video installation
variable dimensions
artist's collection
Sobre saudades (Sem lembranças), 2014-2016
vídeo full HD
Duração 6’ 41” em loop
coleção da artista
About Miss (without Remembrance), 2014-2016
vídeo full HD
Duration 6’ 41” em loop
artist's collection
Reminiscências, 2016
curadoria de Isabel Portella
Centro Cultural da Justiça Federal – CCJF
Rio de Janeiro
Reminiscences, 2016
Curated by Isabel Portella
Cultural Center of Federal Justice - CCJF
Rio de Janeiro
TEXTOS/TEXTS
Reminiscências (memória e narrativa)
Pensar a memória como fenômeno da atualidade é trabalhar as possibilidades narrativas presentes no inconsciente que podem ser encontradas dentro de cada um e emergir em forma de sonhos, lembranças e registros. Provocar a articulação desse inconsciente em discurso é construir histórias e narrativas. Para trazer estas questões ao público interessado em arte, a curadora Isabel Portella convidou nove artistas do cenário contemporâneo carioca (Ana Kemper, AoLeo, Denise Adams, Elisa Castro, Helena Trindade, Lucenne Cruz, Jozias Benedicto, Rafael Adorjan e Ursula Tautz), de poéticas diferentes, para construírem trabalhos pensando a memória e a narrativa em uma visão estética atual.
Passagens do tempo deixam marcas que podem ser visíveis ou não, e estas carregam em si os rastros deste fluxo de vida. A memória pode ser despertada por imagens, cheiros, sons, que permitem novas combinações de leituras, sentidos, redescobertas, sustos. As narrativas tem como ponto de partida experiências vividas ou imaginadas, que podem ser completadas com inquietações e anseios.
Os nove artistas partiram do mesmo ponto: busca de elementos que potencializassem a memória e a narrativa e, em conversas com a curadora, cada artista desenvolveu o seu trabalho especialmente para esta exposição: Ana Kemper, AoLeo, Denise Adams e Rafael Adorjan com fotos; Lucenne Cruz com objetos; Helena Trindade com fotos e vídeos; Jozias Benedicto com uma videoinstalação e uma performance; Ursula Tautz com uma montagem fotográfica e uma videoinstalação e Elisa Castro com bordados.
Ursula Tautz apresenta na mostra “Reminiscências” uma vídeo instalação, “Sobre saudades (sem lembranças) para Televisores ou Saudações a Nam June Paik” e uma montagem fotográfica, “Uma Palavra”.
Na vídeo-instalação, como um tributo a Paik, Ursula revisita os conceitos do artista sul-coreano frequentemente creditado pela descoberta e criação da vídeoarte: “a vídeoarte imita a natureza, não em sua massificação ou em seu aspecto físico, mas na sua estrutura temporal, na sua irreversibilidade...”. A obra da artista nos faz refletir sobre novas possibilidades de uso dos meios tecnológicos e principalmente sobre cultura de massa e da utilização mais elaborada e libertadora desses veículos. Ao criar formas alternativas de expressão, Ursula toma como base a própria tecnologia que impacta nossas vidas, transformando não apenas as imagens, mas o próprio aparelho televisor em arte, incorporando-o à sua escultura. A relação Homem/Máquina é grande inspiração no nosso cotidiano midiático, eletrônico, digital e globalizado. Os televisores que a artista utiliza em sua obra reproduzem o vídeo familiar “Sobre saudades Sem lembranças”, com imagens e sons imprecisos, narrativa pouco coerente, mas envoltos numa atmosfera onde sonho e realidade se misturam. O tema do vídeo - uma viagem afetiva à terra de origem, as reminiscências e saudades - ameniza a frieza das estantes de aço, da luz azulada e da tecnologia.
“Uma palavra”, montagem fotográfica, questiona o uso da palavra e do poder sem justificativas para cometer atrocidades. Atingir o ser humano no seu espaço mais íntimo, a sua casa, destruindo, saqueando, bombardeando, devastando ou incendiando é algo que abala nossas crenças e certezas, difundindo o medo, a incerteza e a fragilidade. Ursula Tautz pesquisa extensivamente as relações que envolvem o habitar e o pertencer. Sua obra revela o cuidado com que trata de temas envolvendo raízes, lembranças e legados.
Reminiscences (memory and narrative)
To think of memory as a current phenomenon is to work on the narrative possibilities present in the unconscious that can be found within each one and emerge in the form of dreams, memories and records. To provoke the articulation of this unconscious in discourse is to construct stories and narratives. To bring these questions to the public interested in art, curator Isabel Portella invited nine artists from the contemporary Rio scene (Ana Kemper, AoLeo, Denise Adams, Elisa Castro, Helena Trindade, Lucenne Cruz, Jozias Benedicto, Rafael Adorjan and Ursula Tautz), by different poetics, to build works thinking memory and narrative in a current aesthetic vision.
Passages of time leave marks that may be visible or not, and these carry the traces of this flow of life. The memory can be awakened by images, smells, sounds, which allow new combinations of readings, senses, rediscoveries, scares. The narratives have as their starting point lived or imagined experiences, which can be completed with anxieties and anxieties.
The nine artists started from the same point: search for elements that enhance memory and narrative and, in conversations with the curator, each artist developed his work especially for this exhibition: Ana Kemper, AoLeo, Denise Adams and Rafael Adorjan with photos; Lucenne Cruz with objects; Helena Trindade with photos and videos; Jozias Benedicto with a video installation and a performance; Ursula Tautz with a photographic montage and a video installation and Elisa Castro with embroidery.
Ursula Tautz presents a video installation at the exhibition "Reminiscências", "About missing (without memories) for Televisions or Greetings to Nam June Paik" and a photographic montage, "One Word".
In the video installation, as a tribute to Paik, Ursula revisits the concepts of the South Korean artist often credited with the discovery and creation of video art: “video art imitates nature, not in its massification or in its physical aspect, but in its structure in its irreversibility ... ”. The artist's work makes us reflect on new possibilities of using technological means and mainly on mass culture and the more elaborate and liberating use of these vehicles. In creating alternative forms of expression, Ursula takes as a basis the very technology that impacts our lives, transforming not only images, but the television set itself into art, incorporating it into her sculpture. The Human / Machine relationship is a great inspiration in our daily media, electronic, digital and globalized. The televisions that the artist uses in her work reproduce the family video “Sobre saudades sem souvenirs”, with imprecise images and sounds, a little coherent narrative, but wrapped in an atmosphere where dream and reality mix. The theme of the video - an affective journey to the land of origin, reminiscences and longing - alleviates the coldness of steel shelves, bluish light and technology.
"A word", a photographic montage, questions the use of words and power without justification for committing atrocities. Reaching human beings in their most intimate space, their home, destroying, looting, bombing, devastating or burning is something that shakes our beliefs and certainties, spreading fear, uncertainty and fragility. Ursula Tautz researches extensively the relationships that involve dwelling and belonging. His work reveals the care with which he deals with themes involving roots, memories and legacies.
Isabel Sanson Portella
©RAFAEL ADORJÁN ©DENISE ADAMS ©HELENA TRINDADE