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CAMPO DORMITÓRIO/ DORMITORY CAMP

                             CAMPO DORMITÓRIO

 

É uma escultura instalação composta de 10 estrados de cama de solteiro em madeira, colocados um ao lado do outro. 3 colchões altos forrados com lençóis brancos, impecavelmente passados. Barras de metal tubulares  formando  uma estrutura como de andaimes,  sobre os estrados. Esta estrutura eleva-se para receber nos pontos determinados 6 ventiladores de teto danificados. A altura chega a 2m nestes pontos. 7 lâmpadas de luz fluorescente com defeito piscando aleatoriamente e 6 caixinhas de música também prendem-se aos tubos metálicos.

 

A instalação convida o espectador a participar, deitar-se sobre os lençóis em puro algodão, e ouvir as canções de ninar provenientes das caixas de música. Porém, as lâmpadas frias piscam num frenesi inconstante na tentativa de permanecerem acessas, gerando ruídos característicos. Assim como os ventiladores danificados que giram como ainda possível.

 

Todos estes ruídos se confundem com as canções, despertando memórias e tornando o ambiente que deveria ser acolhedor num caos atordoante, explicitando sua falência.

 

                               DORMITORY CAMP

It is an installation sculpture made up of 10 single wooden bed frames, placed next to each other. 3 high mattresses lined with white sheets, impeccably ironed. Tubular metal bars forming a   scaffolding stucture on the platforms. This structure rises to receive 6 damaged ceiling fans at specified points. The height reaches 2m at these points. 7 defective fluorescent light bulbs blinking  randomly and 6 music boxes also attach to the metal tubes.

The installation invites the spectator to participate, to lie on the sheets of pure cotton, and to listen to the lullabies of the music boxes. However, the cold lamps blink in a fickle frenzy in an attempt to remain lit, generating characteristic noises. As well as the damaged fans that spin as still as possible.

All these noises are mixed with the songs, awakening memories and turning the atmosphere that should be welcoming into a stunning chaos, exposing its bankruptcy.

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Campo Dormitório, 2018

Siart - Bienal Internacional de Arte

La Paz - Bolivia

Dormitory Camp, 2018
Siart - International Art Biennial
La Paz - Bolivia

Campo Dormitório, 2018

Instalação10 estrados (1,94x92x15cm) de cama em madeira clara, 3 colchões brancos altos ( 188x88x35cm), 3 lençóis brancos em puro algodão, barras de metal tubulares formando uma estrutura como de andaime, 7 lampadas fluorescentes com defeito, 6 ventiladores de teto danificados; 6 maquinários de caixa de música, 2 câmeras de vigilância.

5 X4X2.8 m aprox

coleção da artista

 

Dormitory Camp, 2018
Installation 10 bedsteads (1.94x92x15cm) of light wood , 3 high white mattresses (188x88x35cm), 3 white sheets in pure cotton, tubular metal bars forming a structure like scaffolding, 7 defective fluorescent lamps, 6 damaged ceiling fans ; 6 music box machines, 2 surveillance cameras.
5 X4X2.8 m approx
artist's collection

TEXTOS/ TEXTS

Para habitar a cidade é preciso, antes de tudo habitar a casa.

 

Para Heiddeger o Dasein, ser-aí ou ser-no-mundo, compreende o espaço simultaneamente à compreensão de seu próprio ser. Assim a existência do ser só ocorre a partir de um lugar determinante. Cabe ao Dasein, em sua unidade com o mundo “liberar os espaços”, o que aponta para um arranjo de conceber espaços para o alojamento, para a permanência em seu lugar. O lugar se faz na ação de habitar, assim este espaço está diretamente relacionado à casa: “ O lugar a que pertenço”.

 

Porém, hoje as relações estabelecidas pelos tecidos urbanos se dão através do consumo, desatrelando o nível de habitar. É cada vez mais importante comprar uma moradia segura sem o ingresso daquilo que vem de fora. A cidade também produziu um conjunto de modificações na relação dos espaços que são geradoras de conflitos. O principal ponto de clivagem entre o cidadão e o espaço urbano na atualidade, se configura na forma estrita da política urbana atrelada ao mercado imobiliário. Como resultado, as políticas de Estado tiveram pouco efeito significativo no pensamento daqueles que movem ações na estratégia de se morar nas cidades, afetando as relações de poder e práticas sociais, gerando formas de segregação. Consequentemente todos os programas de habitação e acolhimento perderam sua vitalidade num processo corruptivo, resultando em sua própria falência, já que tal situação impede a criação do espaço em torno de si, de pertencimento, expressão de habitar o mundo. Habitar como  “estar em”, permanecer no mundo em um lugar familiar.

To inhabit the city it is necessary, first of all to inhabit the house.

For Heiddeger, Dasein, being-there or being-in-the-world, understands space simultaneously with the understanding of its own being. Thus the existence of being only occurs from a determining place. It is up to Dasein, in its unity with the world to “free up spaces”, which points to an arrangement of conceiving spaces for accommodation, for staying in their place. The place is made in the action of living, so this space is directly related to the house: "The place I belong to".

However, today the relationships established by urban net occur through consumption, unraveling the level of living. It is increasingly important to buy a safe house without the entrance of what comes from the outside. The city also produced a set of changes in the list of spaces that generate conflicts. The main cleavage point between the citizen and the urban space today, is configured in the strict form of urban policy linked to the real estate market. As a result, State policies had little significant effect on the thinking of those who move actions in the strategy of living in cities, affecting power relations and social practices, generating forms of segregation. Consequently, all housing and shelter programs lost their vitality in a corrupt process, resulting in their own bankruptcy, since this situation prevents the creation of the space around them, of belonging, an expression of inhabiting the world. To inhabit like “to be in”, to stay in the world in a familiar place.

                                                                                                                      Ursula Tautz

São apenas camas, são apenas objetos de madeira, tecido, metal e plástico que vemos como uma cama. E é um convite.

Um convite ao descanso, um convite ao momento horizontalizado de ser no mundo.

 

Um convite para nada fazer.

 

Uma ativação  de sono, de descanso, mas ativa como meditação, algo nos fala a estar atenta, estar presente, pensar, ainda que sonhar.

 

O trabalho, trabalhar, para ativar, o que está no entorno.

Trabalho de arte que nos faz mover através do movimento de deitar.

 

Não me conte nada, preste atenção, estamos aqui.

 

Campo dormitório. Para que os sonhos venham depois de sair. Um convite para sair a partir de um conforto, de questionar

o que é conforto, de onde podemos colocar o valor do descanso, da qualidade de quanto queremos estar aqui no mundo.

 

Não importa a cidade, não importa a forma, não importa o material, importa a verdade. Vamos deitar.

 

 

 

 

They are just beds, they are just objects of wood, fabric, metal and plastic that we see as a bed. And it is an invitation.
An invitation to rest, an invitation to the horizontal moment of being in the world.

An invitation to do nothing.

An activation of sleep, of rest, but active as meditation, something tells us to be attentive, to be present, to think, even if we dream.

Work, work, to activate, what is around.

Art work that makes us move through the movement of lying down.

Don't tell me anything, pay attention, we're here.

Dormitory Camp. So that dreams come after leaving. An invitation to leave a  state of comfort, to question
what is comfort, where can we put the value of rest, the quality of how much we want to be here in the world.

It doesn't matter the city, it doesn't matter the shape, it doesn't matter the material, it matters the truth. Let's go to bed.

 

                                                                                                                               Keyna Eleison

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